Entregador é preso por engano e relata dias de angústia em cadeia de Teresina
Confusão em mandado de prisão leva a detenção injusta de entregador na Zona Rural de Teresina.
MATEUS ROCHA
LUIS FERNANDO AMARANESO jovem Allan Santos da Silva, de 24 anos, passou por momentos de angústia ao ser preso injustamente pela Polícia Militar do Piauí na zona rural de Teresina no último sábado (20). A prisão se deu devido a um mandado que, uma semana depois, revelou-se ser destinado a uma pessoa de nome idêntico, porém 18 anos mais velha, moradora do Espírito Santo.
Em entrevista ao Correio Piauiense, Allan compartilhou os dias difíceis na prisão, descrevendo condições precárias e alimentação inadequada durante o período. Ele passou quatro dias sem cuidados básicos e foi julgado por um crime que não cometeu, como esclarecido posteriormente.
“Passei quatro dias sem banhar, sem escovar os dentes e ainda sendo julgado por um crime que não cometi. Fui levado primeiro para a Central de Flagrantes, após o julgamento fui encaminhado para a penitenciária Major César e fiquei até quinta à tarde” disse o jovem.
A liberação de Allan aconteceu após a intervenção do defensor público Juliano Leonel e uma audiência de custódia. O juiz Valdemir Ferreira Santos destacou o "claro engano" na prisão do entregador, ressaltando as diferenças entre os homens de mesmo nome.
“Tais nacionais possuem filiação paterna, data de nascimento, números de RG e CPF, naturalidade e fisionomia totalmente discrepantes entre si. Nesse sentido, é patente engano, uma vez que flagrantemente se tratam de homônimos, caso em que o que cumprimento do mandado nem sequer deveria ter sido homologado", disse o juiz na decisão.
Além de ser preso injustamente, Allan relatou humilhações e a impossibilidade de contato com familiares. Ao ser levado à penitenciária Major César, teve seu cabelo totalmente raspado. O jovem pretende tomar medidas legais contra o estado pelos danos sofridos.
Nas redes sociais, Allan compartilhou os momentos difíceis na penitenciária e revelou que agora enfrenta problemas psicológicos e está abalado. O entregador, pai de uma criança de 3 anos, busca auxílio da família para reconstruir sua vida após o ocorrido.
A Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), por meio da assessoria de imprensa, informou que não se pronunciará sobre o caso. A Secretaria de Justiça responderá sobre o incidente na segunda-feira (29).
