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Piauí perdeu 114 mil hectares de Cerrado em 2024, aponta Ipam

Especialistas alertam para impactos ambientais e necessidade de controle.


O Piauí perdeu 114 mil hectares de vegetação nativa do Cerrado em 2024, de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), divulgado nesta quinta-feira (06) pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Apesar da queda de 12% na comparação com 2023, o estado segue entre os mais impactados pela supressão da vegetação.

A região do Matopiba, que abrange partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia concentrou 82% de todo o desmatamento do Cerrado no último ano, totalizando 586 mil hectares desmatados. No Piauí, o município de Baixa Grande do Ribeiro está entre os 10 com maior perda de área verde no país, reflexo da expansão agrícola sobre terras com vegetação nativa.

Foto: Reprodução/ Agência BrasilDesmatamento do Cerrado.
Desmatamento do Cerrado.

Em entrevista ao Correio Piauiense, o Doutor em Botânica, Francisco Soares, explica que a destruição da vegetação no Cerrado compromete não apenas a biodiversidade, mas também espécies que ainda não foram catalogadas pela ciência. “O desmatamento de 114 mil hectares no Cerrado afeta fortemente a biodiversidade porque remove espécies que muitas vezes ainda nem são conhecidas. Além disso, desaloja animais pertencentes à fauna local. Apesar de o desmatamento estar ligado à produção agrícola, é necessário avaliar como esse processo está sendo conduzido”, alerta.

Impactos e desafios

Especialistas alertam que, embora os números mostrem uma tendência de queda, o desmatamento no Cerrado ainda acontece em níveis elevados. A legislação ambiental permite que propriedades privadas no bioma desmatem até 80% da vegetação original, enquanto na Amazônia esse limite é de 20%, o que torna o Cerrado mais vulnerável à degradação.

O avanço da agricultura e a supressão das matas podem agravar secas prolongadas e aumentar a temperatura, além de reduzir a capacidade do solo de reter água. Para mitigar os impactos, o biólogo Francisco Soares explica que existem critérios técnicos que devem ser observados antes da autorização para desmatamento.

“Normalmente, são previstas áreas de preservação, considerando cerca de 30% da área total antes da autorização do desmatamento. Além disso, é preciso observar a existência de corredores ecológicos para permitir o trânsito da fauna entre áreas geográficas ladeadas por essa área que será desmatada. Esses pontos são fundamentais para proteger o que resta da biodiversidade”, afirma.

Outros estados

Além do Piauí, o Maranhão liderou o desmatamento no Cerrado em 2024, com 225 mil hectares perdidos. Tocantins aparece em segundo lugar, com 171 mil hectares, seguido pela Bahia, com 72 mil hectares.

Mesmo com a queda de 33% no desmatamento em todo o bioma, o Cerrado continua sendo um dos mais ameaçados do Brasil. O desafio agora é garantir que a tendência de redução seja mantida nos próximos anos.

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