Especialista reforça a importância do combate à Discriminação Racial
Rosemar Andrade reforça a importância de ampliar o debate sobre o preconceito.
Em maio, o jogador brasileiro Vinicius Jr, do Real Madrid, foi expulso de uma partida contra o Valência, válida pelo campeonato espanhol, após reagir a ofensas racistas. Durante o jogo, era possível ouvir gritos de “Macaco!” vindos das arquibancadas, na região da torcida do time adversário.
Outro caso de racismo que ganhou os holofotes da mídia no primeiro semestre foi o da atriz Halle Bailey, protagonista do live-action do filme “A Pequena Sereia”, em cartaz nos cinemas brasileiros. Desde a divulgação dos trailers no YouTube, o filme foi alvo de mais de 1,5 milhão de “dislikes” de internautas nas primeiras semanas, que criticaram a escolha de uma mulher negra para interpretar a personagem da Disney.
O dia de hoje (03) é marcado pelo Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, uma oportunidade para ampliar o debate sobre o preconceito e combater esse mal tão enraizado em nosso país, já que segundo dados da Central Nacional de Denúncias da Safernet, o número de denúncias dos sete crimes que envolvem discurso de ódio no Brasil só aumenta, afinal, o crescimento foi de 26% a 654% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.
Como combater?
Rosemar Andrade, professora do curso de Psicologia de uma faculdade privada da capital, explica as origens de ofensas racistas e reforça a importância do combate ao preconceito. “As injúrias são só a ponta do iceberg e demonstram, através de falas ou gestos, sentimentos que já estão instalados e dizem respeito a aspectos sociais e culturais”, analisa.
Segundo a especialista, a preocupação deve vir desde cedo na educação. Assim como episódios racistas prejudicam o desenvolvimento psicológico infantil, ações afirmativas podem gerar impactos positivos para toda a vida. “O respeito aos valores humanos e às nossas origens devem ser reforçados sempre durante o processo de educação, seja pelo alicerce familiar ou nas instituições de ensino em sua grade curricular”, completa.
A especialista reforça que a infância é o momento em que o pensamento racista deve começar a ser desconstruído, uma vez que é o período em que a personalidade da criança está em construção. “Sem o diálogo necessário, esclarecedor e cognitivo, a intolerância tende a se desenvolver, principalmente absorvendo maus exemplos na rotina, seja nas amizades, nas redes sociais ou até mesmo dentro de casa”, afirma.
O importante, explica ela, é que os tutores acompanhem de perto esse desenvolvimento, num trabalho processual, cultural e com evolução ética e moral. “Afinal, as crianças estão numa fase de transformações não só físicas, como também psicossociais/cognitivas, e caso haja falhas nesse processo, isso pode gerar cicatrizes eternas”, conclui.+