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Audiência Pública aborda concessão de hospitais estaduais à iniciativa privada

“Os médicos são terminantemente contra”, afirmou a Presidente do SIMEPI, Lúcia Santos.


A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) realizou na manhã desta quinta-feira (10) uma audiência pública sobre a concessão da administração dos hospitais estaduais para a iniciativa privada.

A audiência foi convocada em resposta à comoção por parte de entidades sindicais, que caracterizaram essa mudança como uma "privatização" das unidades de saúde.

Foto: Luis Fernando Amaranes/ Correio PiauienseO debate pela administração de unidades de saúde do estado ocorreu hoje (10), no plenarinho da Alepi.
O debate pela administração de unidades de saúde do estado ocorreu hoje (10), no plenarinho da Alepi.

A deputada Gracinha Mão Santa (Progressistas), autora do requerimento que motivou a audiência, afirmou que a desburocratização é uma possibilidade, mas ressaltou que deve haver limites em sua aplicação. Além disso, enfatizou que é essencial proporcionar à população e aos profissionais de saúde informações claras e transparentes sobre o assunto.

"Esta audiência é de grande importância para o governo do estado, que já deveria ter comparecido. É compreensível que a postergação por parte do governo seja inaceitável. Eles precisam prestar esclarecimentos, pois já deveriam ter detalhado todos esses pontos por iniciativa própria. Nós precisamos promover essa motivação, mas é uma motivação saudável. Até o momento, não tomamos uma posição definitiva sobre o que é certo ou errado, pois temos uma grande responsabilidade em avaliar todos os aspectos", explicou a deputada.

Foto: Luis Fernando Amaranes/ Correio PiauienseDeputada Gracinha Mão Santa (Progressistas).
Deputada Gracinha Mão Santa (Progressistas).

Lúcia Santos, presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí, expressou que a posição dos médicos é "firmemente contrária" a essa concessão devido a exemplos negativos de administrações concedidas à iniciativa privada em outras unidades de saúde. Ela citou casos nos quais ocorreram problemas com pagamento de salários a médicos e funcionários em geral, bem como queda na qualidade dos serviços.

"Assim como vimos em outros estados do Brasil, essas administrações foram desastrosas. As empresas frequentemente chegam com vícios e rombos, como ocorreu em um caso com mais de R$ 3 milhões em Jacobina, na Bahia, e vários outros exemplos em todo o país. Quando uma empresa busca maximizar o lucro, isso frequentemente resulta em redução na qualidade dos serviços e insumos oferecidos à população. Já estamos testemunhando isso no HEDA, onde houve relatos de médicos que foram proibidos de solicitar ecocardiogramas", destacou.

Foto: Luis Fernando Amaranes/ Correio PiauienseLúcia Santos, presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí.
Lúcia Santos, presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí.

Por outro lado, o Secretário de Saúde, Antônio Luiz, defendeu a concessão como um meio de reduzir gastos. Ele argumentou que a transferência de administração para Organizações Sociais (OS) pode tornar a gestão mais eficiente. Ele também indicou que alguns hospitais permaneceriam sob administração direta, permitindo a comparação de custos entre os dois modelos.

"É uma decisão simples selecionar alguns hospitais do estado para serem geridos por OS, o que poderia aprimorar a eficiência da gestão pública. Manteríamos alguns hospitais sob administração direta, justamente para fins de comparação de gastos ao longo do tempo. Através desse processo, buscamos reduzir nossos gastos, pois frequentemente as OS conseguem negociar preços mais baixos para certos produtos. Temos conhecimento disso, pois eles nos fornecem informações mensais sobre suas compras e valores gastos", esclareceu o secretário.

A audiência contou com a participação de representantes de várias entidades, incluindo o Sindicato dos Médicos (Simepi), o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Sindespi), o Sindicato dos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos em Enfermagem (Senatepi), bem como o Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas (Sindhospi), entre outros.

Flash - Luis Fernando Amaranes

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