Quase 9 em cada 10 vítimas de feminicídio no Piauí não registraram denúncia, aponta SSP
Pesquisa revela que 87,8% das mulheres mortas entre 2022 e 2025 não haviam procurado a polícia.
LUIS FERNANDO AMARANESUm levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP) revelou que 87,85% das mulheres vítimas de feminicídio entre janeiro de 2022 e abril de 2025 não haviam registrado boletim de ocorrência contra os agressores. O dado indica que muitas mulheres não acionam a rede de proteção, dificultando a prevenção de crimes graves.
O delegado João Marcelo Brasileiro, gerente de Análise Criminal e Estatística da SSP, destacou a importância do registro. “Quando a vítima procura a polícia, a Casa da Mulher Brasileira ou os canais de denúncia, o caso é registrado e ela passa a receber proteção. Esse registro é essencial para que possamos agir e evitar que a violência escale”, explicou.
Segundo o levantamento, o feminicídio geralmente é precedido por diversas formas de violência, desde xingamentos, controle e humilhações públicas até agressões físicas e ameaças de morte.
Para ampliar o acesso à proteção, a SSP lançou a cartilha “Você denuncia, o estado acolhe”, em parceria com a Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça e a Secretaria das Mulheres do Piauí (Sempi). O material oferece informações sobre canais de denúncia, direitos das vítimas e procedimentos, e pode ser acessado online ou via QR Code nas redes sociais da SSP. Cartazes também serão distribuídos em delegacias, escolas, unidades de saúde e espaços públicos.
A secretária Zenaide Lustosa, da Sempi, reforçou o alerta. “Não se cale. Sua vida importa. Todas as delegacias estão preparadas para receber denúncias, e já são cerca de 80 secretarias municipais de proteção à mulher no estado. Estamos trabalhando para um Piauí com feminicídio zero”.
O Disque 180 segue como principal canal de denúncia, gratuito, confidencial e disponível 24 horas, inclusive finais de semana e feriados, com orientação e encaminhamento às autoridades competentes.
