Correio Piauiense

Notícias

Colunas e Blogs

Outros Canais

PI lidera resgates contra trabalho escravo no país pelo segundo ano consecutivo

Carnaúba é destaque no levantamento, com aumento expressivo de resgates.


Neste domingo (28), é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, momento que traz à tona a difícil realidade enfrentada por trabalhadores em todo o país. No Piauí, um levantamento realizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) revelou que o estado liderou, pelo segundo ano consecutivo, os resgates de pessoas em condições análogas à escravidão na região Nordeste.

Segundo os dados referentes a 2023, 159 trabalhadores foram resgatados no estado, colocando o estado em quinto lugar no Brasil com o maior número de resgates. Apesar de representar uma queda de 8,8% em relação a 2022, quando foram resgatados 180 trabalhadores, os números ainda são significativos e preocupantes.

Foto: Reprodução/ AscomTrabalho escravo.
Trabalho escravo.

O levantamento também destaca o setor da carnaúba como um dos mais afetados, com 86 trabalhadores resgatados, representando 54% do total. Esta atividade registrou um aumento significativo em comparação ao ano anterior, mais do que triplicando o número de resgates.

O Procurador do Trabalho e coordenador estadual da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), Edno Moura, lembrou que o trabalho escravo infelizmente ainda é uma realidade no Brasil, que contabilizou, somente em 2023, 3.191 trabalhadores resgatados e que o Piauí ainda amarga indicadores negativos de trabalhadores em situação de escravidão. “O estado do Piauí é um estado que escraviza muito seus trabalhadores. Além de termos um elevado número de trabalhadores resgatados dentro do estado, tivemos, em 2023, mais de 230 trabalhadores piauienses resgatados em outros estados, em atividades como corte de cana e extração de pedras. Uma realidade que precisamos mudar”, reforçou.

Além da carnaúba, os resgates ocorreram em outras áreas, como extração de pedras, catação de raízes, pecuária e produção de concreto. Pela primeira vez, o estado registrou resgates de trabalhadores domésticos, com duas mulheres sendo resgatadas em situação análoga à escravidão em Teresina.

Em relação aos municípios, Nazária, Batalha, Cajueiro da Praia e Castelo do Piauí foram os mais afetados na atividade da carnaúba, enquanto Piripiri, Elizeu Martins, Regeneração, Elesbão Veloso, Jerumenha e Rio Grande do Piauí registraram resgates em pedreiras.

Fortalecendo a luta contra o trabalho escravo

A continuidade do enfrentamento ao trabalho escravo demanda uma ação constante, e mesmo diante de desafios, mantemos nossa atenção para combater essa prática na cadeia produtiva, crucial para o Piauí. O apoio da população é essencial para a mudança dessa realidade tanto a nível nacional quanto estadual.

“A população tem sido uma grande parceira das instituições nesse trabalho, ao denunciar os casos de trabalhadores sendo escravizados. É por isso que a gente conclama para que eles continuem ajudando, por meio dos nossos canais oficiais ou pelo Disque 100. É importante que essas informações cheguem o mais robusta possível, com fotos e vídeos, para que a gente providencie a fiscalização e possa adotar as medidas cabíveis a cada caso”, finalizou Edno Moura. 

Como denunciar

As denúncias podem ser realizadas de maneira anônima, sem a necessidade de identificação, por meio do site www.prt22.mp.mp.br, na aba serviços/requerimento/denúncia. Também é possível encaminhar e-mails para [email protected] ou entrar em contato via WhatsApp pelo número (86) 99544 7488.

Comente