Consciência Negra: Negros ainda são a maioria esmagadora de mortos pela polícia
Pesquisas recentes indicam que 88,24% dos mortos pela polícia, no Piauí, são pessoas negras.
Esta segunda-feira (20) marca o dia da Consciência Negra. A data é dedicada à reflexão sobre o valor e a contribuição da comunidade negra para o Brasil, e o combate ao preconceito racial.
A reflexão continua válida, devido aos dados alarmantes sobre a violência contra negros, por parte do Estado. No Piauí, uma pesquisa da Rede de Observatórios, indica que 88,24% dos mortos pela Polícia, em 2022, eram pessoas negras.

Em entrevista ao Correio Piauiense, a superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários do Piauí, Assunção Aguiar, afirmou que os números continuam alarmantes por conta de fatores como a ausência de acolhimento do mercado de trabalho.
“É por conta dessa ausência do mercado acolher essa mão de obra negra. A educação também não é um lugar onde nós todos estamos inseridos. Quando a gente pensa em uma moradia de qualidade, geralmente a gente está falando de alguém que teve uma boa educação que possibilitou ocupar esses espaços”, comentou.
Racismo estrutural
Nossa reportagem também entrevistou a professora de Ciência Política e mestre em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Piauí, Barbara Johas, que aponta o racismo estrutural como causa para o problema
“O racismo é um elemento de produção de desigualdades que coloca pessoas que pertencem a essa construção racial, entendida como as pessoas negras, em posição de vulnerabilização, sendo alvo da violência social e institucional, que se expressa pela letalidade da violência da segurança pública, no nosso país. Então ela expressa vários elementos que demonstram esse racismo estrutural”, pontuou.
Johas também apontou que o fenômeno ocorre no Brasil todo, independente da miscigenação.
“Essa ideia, de que somos um país miscigenado, portanto, não somos um país racista, é uma grande falácia. As estruturas da racialização estão operando a todo momento, de forma profunda, produzindo e reproduzindo padrões de racismo, nas relações, instituições e na mídia”, concluiu.