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Batalha do Jenipapo: 201 anos da parte mais sangrento da Guerra da Independência

Descendente dos combatentes compartilha histórias sobre o marco histórico.


Nesta quarta-feira (13), a Batalha do Jenipapo completa 201 anos, episódio que demonstrou o apoio do Piauí à causa da Independência do Brasil. A batalha travada por piauienses, maranhenses e cearenses contra o exército português ocorreu no município de Campo Maior, antes mesmo da fundação da atual capital, Teresina.

Em entrevista ao Correio Piauiense, a historiadora Andreia Andrade afirmou que o confronto aconteceu após João Cândido de Deus e Silva e Simplício Dias da Silva declararem adesão à causa da Independência e reconhecerem o imperador em 19 de outubro de 1822.

Foto: JOÃO ALBERTCemitério da Batalha do Jenipapo.
Cemitério da Batalha do Jenipapo.

"Para deter esse levante, Fidié marchou para Parnaíba. Enquanto isso, em Oeiras, a 24 de janeiro de 1823, Manoel de Sousa Martins aderiu à causa da Independência e assumiu a presidência da Junta de Governo do Piauí. Ao receber tal notícia, Fidié decidiu regressar de Parnaíba com 1100 homens, 11 peças de artilharia, contingentes do brigue infante Dom Miguel, vindos do Maranhão e da guarnição de Carnaubeiras", disse.

Fidié levou seu exército até Campo Maior, que era uma vila à época. No dia 13 de março de 1823, às 9h da manhã, homens simples com foices e facões combateram os portugueses armados. "Os homens tiveram suas vidas ceifadas numa sangrenta batalha e levaram à desistência de Fidié de atacar os adeptos ao movimento. Essa batalha foi central para o reconhecimento da independência, pois Portugal buscava manter seu domínio sobre o norte do Brasil e com a não aceitação de seu poder na região teve um certo revés", explicou.

Foto: JOÃO ALBERTCruzeiro da Batalha do Jenipapo.
Cruzeiro da Batalha do Jenipapo.

A Batalha do Jenipapo é reconhecida pela ousadia dos homens, sem rigor militar, que heroicamente batalharam contra os exércitos de D. João VI, rei de Portugal, tornando-se mártires que defenderam a causa da Independência.

A data é lembrada até os dias atuais, principalmente na bandeira do Piauí, onde foi estampada, em 2005, pela lei ordinária nº 5.507, de 17 de novembro.

Foto: JOÃO ALBERTMemorial da Batalha do Jenipapo.
Memorial da Batalha do Jenipapo.

Onde estão os descendentes dos envolvidos no conflito?

Nossa reportagem entrevistou o advogado e autor do livro "Piauienses Notáveis", Reginaldo Miranda, que nos contou ser descendente de Manuel de Araújo Costa, um dos combatentes que participou do Cerco de Caxias, capítulo que veio logo após a Batalha do Jenipapo.

"Enquanto os irmãos Padre Marcos e Ignácio Francisco participavam das decisões em Oeiras, no centro do poder, o irmão mais moço, Francisco Manuel, participou ativamente das campanhas militares. Estava com o primo, o cunhado Raimundo de Sousa Martins, no Quartel do Poti, para interceptar Fidié ou combater invasores do Maranhão, quando recebeu a notícia da Batalha do Jenipapo", pontuou o advogado.

O combatente era irmão de Ignácio Francisco de Araújo Costa, Marcos de Araújo Costa (a quem o nome da cidade Padre Marcos faz homenagem) e primo de Manuel de Sousa Martins, o Visconde de Parnaíba.

Os três consanguíneos fizeram parte da articulação para que o Piauí se posicionasse favorável a D. Pedro I e lideraram as ações que resultaram nas duas batalhas que fizeram parte da Guerra de Independência.

Ao longo desses 201 anos, o episódio vem sendo lembrado na bandeira, na arte e em encenações, dando luz à participação de combatentes, que perderam a batalha, mas não a guerra, e que tiveram participação na composição do Brasil independente.

Programação especial 

Às 12h desta quarta (13), será realizada missa em ação de graças na Catedral de Santo Antônio na Praça Bona Primo, em Campo Maior. A programação continua com o espetáculo "A Batalha do Jenipapo", dirigido por Franklin Pires, que contará com 45 alunos da Escola de Teatro Gomes Campos, além de 68 atores e atrizes e ainda 10 cantores.

O evento contará com a presença do governador em exercício, Themístocles Filho, do secretário de Estado da Cultura, Carlos Anchieta, e de outras autoridades.

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