Setembro Amarelo sob uma nova abordagem: valorização da vida
A campanha também tem um olhar sobre estruturas básicas para o bem-estar da população.
Setembro já chegou e traz consigo, no calendário da saúde, a campanha"Setembro Amarelo". A ação visa não só a prevenção do suicídio, mas também a valorização da vida.
Desde 2003, o dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para chamar a atenção de governos e da sociedade civil para a importância do assunto.
O psicólogo João Nunes Neto falou ao Correio Piauiense sobre a abordagem do Setembro Amarelo, que vem mudando ao longo do tempo. A temática do suicídio impacta diretamente pessoas que possuem depressão, transtorno bipolar e transtornos relacionados ao abuso de substâncias, por isso, a campanha vem tomando uma orientação de valorização da vida.
“A campanha Setembro Amarelo visa convergir olhares para que as pessoas possam cuidar do seu emocional. Nós vivemos em uma cultura onde há uma desconexão com o lado emocional. Quando somos crianças, assim que a gente chora, é muito comum ouvir 'engole o choro', existe uma cultura de silenciamento muito forte para a questão emocional. Isso pode gerar uma desconexão com o lado emocional, [fazendo] entender que se você chora é uma fraqueza, de que se você pedir ajuda, vai incomodar. Então, a campanha visa sensibilizar as pessoas para combater essa cultura, que gera um tipo de adoecimento”, comentou.
De acordo com a OMS, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente no mundo, sendo a quarta maior causa de óbitos entre jovens de 15 a 29 anos de idade. No Brasil, em média, ocorrem 14 mil suicídios por ano — cerca de 38 pessoas tiram a própria vida por dia no país.
Dados do Ministério da Saúde mostram que entre 2010 e 2019, 112.230 pessoas morreram por suicídio. Houve um aumento de 43% no número anual de mortes, passando de 9.454 em 2010 para 13.523 em 2019.
Mudança de abordagem
Além do âmbito da saúde mental, o Setembro Amarelo também tem um olhar sobre estruturas básicas para o bem-estar da população.
“Os profissionais, cada vez mais, dialogam que a saúde mental também está correlacionada com garantias básicas de moradia, assistência e saúde. Então, não tem como a gente falar de setembro amarelo, só em um viés psicológico; a gente precisa falar também em questões de direitos, questões sociais. Quando se fala em Setembro Amarelo, a gente também tem que falar sobre o funcionamento das unidades básicas de saúde, do acesso à educação. São tantos pontos que é muito complexo, por isso a campanha se renova”, adicionou.
A situação econômica do Brasil, bem como a recente pandemia do Covid-19, tornam cada vez mais necessárias as políticas de saúde.
Cuidado com a vida
O Sistema Único de Saúde (SUS) vai estabelecer a Rede de Atenção Psicossocial e a rede estadual, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), são destinados às questões específicas da saúde mental e políticas de assistência psicossocial.
Além do SUS e da rede estadual, especificamente, os hospitais, maternidades e Unidades Básicas de Saúde são orientados a oferecer cuidado psicológico aos pacientes.
CVV
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) faz um trabalho pioneiro na área de prevenção ao suicídio desde 1962, com a ajuda de cerca de 3 mil voluntários que trabalham atendendo mais de 10 mil ligações diárias.
O CVV está disponível por telefone, pelo número 188, e nos seguintes horários por chat: Domingo (17h à 01h), segunda a quinta (09h à 01h), sexta (15h às 23h) e sábado (16h à 01h).
Edição de texto - Luis Fernando Amaranes