Campanha Preciso Viver 2023 traz o tema “Cuidados com a Saúde Mental do Paciente

No Piauí, a RFCC-PI impulsiona a campanha por meio de iniciativas locais.

A Rede Nacional de Combate ao Câncer - RNCC lança campanha Preciso Viver 2023 que acontece todos os anos em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, em 08 de abril. A RNCC define um tema, baseado nas dificuldades de seus usuários/pacientes em comum acordo com os voluntários das 22 Redes estaduais. Este ano o tema a ser discutido será: “Cuidados com a saúde mental do paciente oncológico”. O diagnóstico de câncer tem um impacto significativo na trajetória da pessoa que se tornará um paciente oncológico. 

O principal impacto é a assimilação e aceitação do diagnóstico por parte do paciente e familiares. A partir daí surgem: medos, incertezas e desconfortos psíquicos e físicos causados pela doença e por seu tratamento. Estes passam a ocupar lugar central na vida do indivíduo e dos seus familiares. A preocupação em trazer o tema Cuidados com a saúde mental do paciente oncológico é justamente garantir a qualidade de vida e bem-estar, durante e após o tratamento do câncer, para o paciente e seus familiares. O novo paciente terá uma experiência multifatorial desconfortável e angustiante, de natureza psicológica, social, espiritual e física que podem interferir na habilidade de lidar efetivamente com a doença, seus sintomas e o tratamento, bem como continuar dando conta das demais demandas da vida. 

Foto: Foto/Reprodução
Campanha Preciso Viver 2023

No Piauí, a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC-PI) impulsiona a campanha com ações coordenadas nacionalmente e também por meio de iniciativas locais. Para a presidente da RFCC-PI, Carmem Campelo, a Preciso Viver já se consagrou no calendário de atividades como uma parte fundamental da luta contra o câncer. “Todos os anos nos organizamos para levar informação útil, acesso e prática para toda a população. Este ano o tema é relacionado à saúde mental, aspecto que nos preocupamos diariamente junto aos pacientes que assistimos”, pontua.

Várias questões precisam ser discutidas, reconhecidas e tratadas durante o processo terapêutico. Principalmente por se tratar de uma doença que ainda apresenta preconceitos e estigmas mal esclarecidos que dificultam a procura por suporte psíquico dos pacientes, familiares e acompanhantes. 

Dessa forma, elencamos os principais fatores a serem verificados: 
• Baixo interesse dos próprios pacientes em discutir questões emocionais, já que privilegiam os sintomas físicos; 
• Conhecimento insuficiente do tipo de apoio que podem receber; 
• Medo de ser rotulado; 
• Paciente aguarda que o oncologista aborde o assunto; 

• A fragilidade emocional propicia ou fomenta dúvidas e questionamentos com relação as suas crenças; 
• Questionamentos como: o que eu fiz para merecer essa doença? 

Em algumas situações sintomas como ansiedade e aspectos depressivos são considerados secundários ao físico. Em algumas situações, sintomas como ansiedade e aspectos depressivo são até considerados reações normais e isso impede o diagnóstico psíquico. É primordial que todos os profissionais da área de saúde sejam sensibilizados para essa abordagem. 

Segundo um estudo internacional relevante veiculado no site da ONCOGUIA (2021), com 21 mil pacientes, a taxa de depressão pode variar entre 2% a 56% dos pacientes, enquanto 44% dos pacientes sofrem de algum grau de ansiedade e 23% têm sofrimento significativo. As maiores prevalências de depressão ocorrem em pacientes com câncer de pulmão (13%), câncer ginecológico (10,9%) e câncer de mama (9,3%). Mulheres mais pobres, jovens e pessoas isoladas são as mais afetadas. A depressão ocorre mais no primeiro ano após o diagnóstico. 

Em um estudo amplo e significativo com 4,7 milhões de pacientes com câncer, 2491 pacientes cometeram o suicídio e o risco de suicídio foi 2,7 vezes maior nos primeiros 6 meses após o diagnóstico. 

Na doença depressiva, os sintomas são mais severos e prolongados, a anedonia (perda de prazer ou interesse em atividades habituais) é muito comum, os sentimentos de desespero, culpa e desesperança são pervasivos, as pessoas se isolam e a ideação suicida pode estar presente. Esse quadro requer tratamento seja psicoterápico e/ou medicamentoso. 

Cada vez mais voluntários, pacientes, familiares, acompanhantes e profissionais de saúde assistem o sofrimento do novo paciente sem prestar o devido apoio. Indo desde a percepção da própria vulnerabilidade, tristeza, fantasias e medo do desconhecido, sendo considerado uma resposta natural da pessoa que vivência a doença e seu tratamento, até reações mais intensas levando a um distúrbio psiquiátrico diagnosticável. Em cerca de 1/3 dos pacientes com estas reações, ocorre a evolução para depressão, ansiedade e transtornos. 

O país tem avançado muito em relação aos benefícios legais que oferece aos pacientes oncológicos, no entanto, ainda precisa garantir melhores estruturas, condições e profissionais das diversas especificidades da área de saúde para atender a demanda que a cada ano aumenta com o constante aumento de novos casos.

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