População indígena do Piauí cresce 145%, mas 96% não falam língua indígena em casa, aponta IBGE
Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira (24), pelo Censo Demográfico 2022.
LUIS FERNANDO AMARANESO número de indígenas no Piauí mais que dobrou em 12 anos. Segundo o Censo Demográfico 2022, 7.202 pessoas se autodeclararam indígenas, um aumento de 144,6% em relação a 2010, quando eram 2.944.
Apesar do crescimento, a maioria não fala língua indígena no dia a dia. Dos 7.052 indígenas com 2 anos ou mais, 96% declararam não usar nenhuma língua indígena em casa. Entre os que falam alguma língua, a Warao se tornou a mais utilizada, superando a Guajajara, que liderava em 2010. Entre os 225 indígenas que falam Warao, 141 não falam português em casa, o que pode dificultar o acesso a serviços de saúde e educação.
O levantamento mostrou 20 línguas indígenas diferentes no Piauí, duas a mais que em 2010. Entre os que falam alguma língua indígena, 65,7% vivem em áreas urbanas, contrariando a ideia de que indígenas vivem apenas em reservas ou zonas rurais.
Etnia Tabajara lidera no estado
O Censo registrou 81 etnias no Piauí, um salto em relação às 47 de 2010. A Tabajara é a mais numerosa, com 1.365 pessoas, seguida por Akroá-Gamela (918), Kariri (781), Warao (250) e Tapuio (115). Entre os Tabajara, a maioria vive em áreas urbanas (69,7%) e 20% têm entre 10 e 19 anos, mostrando uma população jovem.
Segundo a pesquisa, entre os 781 Kariri, apenas 114 vivem na reserva oficialmente delimitada, chamada “Kariri de Serra Grande”, em Queimada Nova. Os outros 667 estão fora do território, principalmente em áreas rurais.
No Brasil, o Censo registrou 1,26 milhão de indígenas que declararam sua etnia, com 391 etnias diferentes no país. As mais numerosas foram Tikuna (74 mil), Kokama (64,3 mil), Makuxi (53,4 mil) e Guarani-Kaiowá (50 mil).
O levantamento também mostra que 45,4% dos indígenas piauienses não tiveram a etnia identificada, seja por não declarar, não saber ou apresentar informações mal definidas.
