“Sentia nojo e raiva”, diz padrasto preso por morte de familiares envenenados

Delegado detalha motivações de conflito familiar no caso de envenenamento em Parnaíba

Na manhã desta quarta-feira (08), o delegado Abimael Silva, da Polícia Civil do Piauí, responsável pelas investigações do caso de envenenamento em Parnaíba, detalhou durante uma coletiva de imprensa que Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto de uma das vítimas, é o principal suspeito do crime. A polícia acredita que um grave conflito familiar tenha sido a motivação para o envenenamento, que resultou na morte de quatro pessoas.

O delegado explicou que Francisco tinha uma convivência complicada com Francisca Maria da Silva e seus filhos, cheia de brigas e problemas. Ele, companheiro de Maria dos Santos e padrasto de Francisca, mostrava claro descontentamento com a enteada, o que aumentava os conflitos na família.

Foto: Reprodução/Correio Piauiense
Padrasto preso por envenenamento de quatro pessoas da família.

“Ele manifestou várias vezes que não suportava a presença de Francisca na casa. Chegou a afirmar que sentia nojo dela, e essa relação conturbada parece ter se intensificado, culminando no trágico evento”, afirmou o delegado.

Passo a passo do ocorrido

Na noite de 31 de dezembro de 2024, a família se reuniu para celebrar a virada do ano. Durante a festa, foi preparado um baião de dois, com arroz, que permaneceu sobre o fogão até o dia seguinte. O alimento foi consumido por todos, incluindo crianças, mas ninguém apresentou sintomas imediatos após a ingestão.

O veneno encontrado, o terbofós, um inseticida altamente tóxico, foi detectado tanto na panela usada para preparar o arroz quanto no intestino das vítimas e no prato de uma das pessoas que ingeriram a refeição. O efeito da substância é rápido, com os sintomas surgindo entre 30 minutos e uma hora após a ingestão, e alcançando seu pico entre uma a quatro horas depois.

Foto: Divulgação/ Polícia Civil

Francisco de Assis, que foi o último a se deitar e a fechar a casa por volta das 3h da manhã, foi quem, segundo a polícia, teve contato direto com o arroz. A investigação revelou contradições nos depoimentos dele, que inicialmente negou ter orientado alguém a consumir o alimento, mas suas versões entraram em conflito com os relatos de outros familiares.

“Ele declarou em momentos diferentes que não orientou ninguém a consumir o arroz, mas essa versão entra em contradição com o relato dos demais familiares, que confirmam que ele teve contato com o alimento. Essas inconsistências foram um fator importante para levantarmos suspeitas sobre ele”, explicou o delegado.

A polícia também apreendeu materiais durante a investigação, incluindo celulares e documentos, além de um baú trancado, que poderia ser o local onde o veneno foi escondido.

Foto: Divulgação/ Polícia Civil
Baú apreendido pelos polícias.

Com base nas evidências, a polícia solicitou e obteve a prisão temporária de Francisco de Assis, que ficará detido por 30 dias enquanto as investigações continuam. O delegado ressaltou que, embora ele seja o principal suspeito, outras possibilidades ainda estão sendo analisadas.

“Embora Francisco de Assis seja o principal suspeito, continuamos trabalhando para esclarecer todos os detalhes desse caso e garantir que a justiça seja feita”, concluiu o delegado.

Leia também